terça-feira, 18 de junho de 2019

A P O C A L I P S E U R B A N O

Colaboração para o pasquim Buraco da Torre, aqui com o enquadramento literário:

O columbino Brian, eufórico na véspera do seu matrimónio, lança a Matilha vociferante sobre a cidade: a horda, agitada e pouco numerosa, salta dos aviões ainda em andamento para ocupar os seus covis provisórios, marcados com antecedência  com a anuência dos dealers de buracos locais. Vestem camisolas padronizadas ou pijamas iguais, que a indumentária é aqui coisa de pouca monta. Entram depois na deriva habitual, acossados pelo cheiro de cerveja, vitualhas e sexo. Celebram ritualmente, no meio de movimentos rítmicos tradicionais e espasmódicos, a entrada de Brian no mundo do crédito à habitação, esse totem, após o enlace com a pequena Jenny, lá no bairro de Croydon (a jovem noiva reuniu a sua própria matilha e atacou qualquer outra cidade do roteiro). A romaria entrará no Delirium Tremens mais para a noite, para contento do comércio local de bebidas finas e sabonetes de rolha queimada.
Este trato das despedidas está em crescimento, e espera-se que os bifes dêem lugar a muitos outros jovens casadoiros. Afinal, todos os milhares de milhões de nubentes do mundo têm direito, enquanto filhos de deus, à sua própria despedida de solteiro em classe económica ou turística.
Resta saber se a Cidade aguenta.